A saga do cacau e o Festival de Chocolate |
Escrito por Eduardo Athayde | |
A festa que começa esta semana em Ilhéus, tímida e despretenciosa, revela a importância do investimento na mudança cultural de uma sociedade. Dificuldades, embates e incompreensões do passado parecem hoje contar a historia do nosso futuro. A partir deste I Festival de Chocolate, realizado entre 10 e 13 de junho, em Ilhéus, a geração de cacauicultores que resiste ao descaso com que a rica região cacaueira da Mata Atlântica é tratada, envia sinais de alerta e novo comando para o mercado, animando as gerações presentes e futuras. O cacau que ainda deixa as fazendas sem certidão de nascimento, viaja sem carteira de identidade e atravessa os oceanos sem passaporte, tem dias contados. A ordem é registrar a origem, mostrando para o Brasil e para o mundo, as riquezas do local onde o cacau da Mata Atlantica é cultivado em ambiente de alta biodiversidade, exigindo respeito e reverência ao ambiente preservado, agregando valores localmente, atraindo atenções e novas rendas. Com tanta coisa acontecendo, Danielle Mitterrand, viúva do ex-presidente François Mitterrand, primeira dama da França por 16 anos, presidente da Fundação France Libertés e parceira do WWI, foi a Ilhéus em abril de 2009. Apaixonada pelo chocolate da Mata Atlântica visitou a Ceplac acompanhada do diretor geral Jay Wallace, do presidente da Associação dos Cacauicultores, Henrique Almeida, e foi recebida pelo governador Jaques Wagner, em Itabuna. O Festival de Chocolate A Floresta de Chocolate, que avança na sua organização, pode aproveitar o exemplo de cidades como Nova Iorque e Paris, que distribuem catálogos das suas lojas de chocolate, e publicar um guia das Fazendas de Chocolate, organizando e fortalecendo a oferta de produtos e serviços de uma cadeia produtiva de econegócios que aprende a agregar os valores dos seus ativos, apropriando rendas e usufruindo da inteligência das classes organizadas.
Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil www.worldwatch.org.br. |
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