Delegada presa por fazer `gato´ na linha telefônica da SSP
Samuel Lima e Deodato Alcântara, do A TARDE
A delegada de Polícia Civil Marta Carneiro da Silva Costa, que há pouco mais de dois meses trabalha no município de Souto Soares (a 484 quilômetros de Salvador, na Chapada Diamantina), foi presa na última quinta-feira, à tarde, na sede da 13ª Coordenadoria Regional de Polícia (Seabra), que engloba Souto Soares, acusada de crime de peculato (quando o funcionário público apossa-se de bem ou valor valendo-se do cargo que ocupa).
Marta Costa tinha na casa dela, segundo a acusação, uma extensão telefônica da linha da delegacia em que trabalha, além de um aparelho de televisão que também seria de uso exclusivo na unidade.
Transportada para a Corregedoria de Polícia Civil (Correpol), em Salvador, ela foi autuada em flagrante, ontem, pelo delegado corregedor José Carlos Santos. Deverá responder, também, à acusação de improbidade administrativa, em processo administrativo disciplinar (PAD), disse o corregedor-chefe, delegado Jorge Monteiro.
Depois de uma noite detida na sede da 13ª Coorpin, ontem, depis de prestar depoimento na Correpol, ela foi levada para a Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Derca), em Pitangueiras, no bairro de Brotas, onde há celas tidas especiais, e cuja carceragem está abrigando apenas presas. Não haveria vagas na sede da Correpol (as oito celas individuais já estão ocupadas por onze presos), afirmou Monteiro.
Denúncia Marta Costa foi denunciada por moradores de Souto Soares, ao promotor de Justiça local, Oto Almeida, assim que os desvios da linha e da televisão tornaram-se assunto de buxixos na cidade, relatou Monteiro.
Na tarde de quinta, o promotor teria acionado a delegada Lorena Braga, coordenadora regional, que deu voz de prisão à colega. "O homem que instalou a extensão prestou depoimento e confirmou ter realizado o serviço a mando da delegada Marta", atestou o corregedor-chefe.
Além de tentar manter sigilo da prisão, até o meio da tarde de ontem, a Correpol não permitiu acesso da imprensa à delegada Marta Costa. Segundo Monteiro, ela alegou que sua intenção era facilitar o trabalho, uma vez que poderia atender o público mesmo estando fora da delegacia. Também de acordo com o corregedor, os dois imóveis são vizinhos, separados apenas por um muro. A pena prevista para peculato é de 2 a 12 anos de reclusão.
Cidade Em Souto Soares, os moradores ficaram receosos em comentar sobre a prisão da delegada. "Estão falando isso mesmo, aqui na cidade", disse uma dona de casa, que alegou ter visto a delegada apenas uma vez, apesar de o município ser considerado um dos menores do Estado (tem 14.795 habitantes e 1.096 km2 de extensão) segundo informações do site da prefeitura local. "A conversa que circula aqui é sobre esse 'gato' no telefone mesmo", comentou uma funcionária da Cesta do Povo.
Já em uma loja que a delegada já fez compras, a vendedora J. se mostrou sensibilizada. "Nossa, ela parece ser uma pessoa boa, muito educada, isso é motivo prá prender uma pessoa?", questionou. Nenhum dos moradores concordou em ser identificado. O promotor de Justiça Oto Almeida disse que "estamos ainda iniciando os procedimentos, deixarei para falar na segunda-feira".
Um comentário:
Alô, alô?... Cortaram o telefone da delegada! Seu Pedro (*)
Neste mundo de falsas moralidades, o cabra para não virar bode expiatório, ou é imoral por inteiro compartilhando, mais corretamente dividindo, ou não se atreva a alguma coisa normal que possa aparecer anormal. Os velhacos de plantão, e a imprensa “Maria vai com as outras” estão com os espaços de manchetes abertos. Cortam a linha antes do último alô, vivem fora linha e por isto derrubam os que a tenham.
É paradoxo, eu que acompanho o dia-a-dia da Justiça, como jornalista, conhecendo as dificuldades das autoridades que levam processos, documentos e outros encargos de seus horários de expediente, para horas extras no horário de ver a novela, despreza os dias de lazer, tudo para cumprir prazos processuais. Não são poucos, em tempo de Justiça engarrafada e delegacias desestruturadas, que se obrigam levar máquinas de escreve, ou computadores, para dar curso ao serviço, enquanto olham os filhos, o marido, ou as panelas no fogo.
Não é exagero de minhas linhas, nesta “Bahia de Todos os Nós!” Pois fico perplexo com as manchetes: “Delegada é presa por ter gato telefônico em casa”. Primeiro não é gato, assim nos referimos as ligações clandestinas, quando há um “roubo” de tarifas! Ou ainda quando há, mesmo que com o consumo pago, haja um desconhecimento total por parte de quem, por exemplo, é usuário de uma linha telefônica, não sendo o caso, pois afinal a delegada sabia.
A querela surgiu na cidade de Souto Soares, tão pequena que quando um habitante solta uma bufa todos sentem o cheiro! A delegada de polícia civil, doutora Marta Carneiro da Silva Costa, que há pouco mais de dois meses trabalha no município de Souto Soares, a 484 quilômetros de Salvador, na Chapada Diamantina, absurdamente foi presa por ter levado o celular para casa. A cidade de tão mínima não tem este recurso, então a delegada, para bem servir, atendendo as necessidades fora de seu horário de expediente, puxou uma extensão do terminal telefônico que serve a delegacia, para atender em sua casa, próxima ao ergástulo público.
Agora esta em custódia na Corregedoria de Polícia Civil - Correpol, na capital baiana. Os inquéritos aos que se dedicava estão lá, parados, Dizem que a Secretaria de Segurança Pública – SSP tenta manter sigilo absoluto em relação aos motivos que levaram à prisão da policial. No entanto, moradores do município onde ela trabalhava e fontes da Justiça informaram que Marta teria feito uma ligação “clandestina” na linha de telefone da delegacia para que pudesse atendê-lo, também, em sua residência.
Se não queriam um escândalo bastava internamente tê-la solicitado o desligamento da extensão. Mas algum “bocudo” da própria SSP deu o alarme para fazer bonito junto à imprensa antiética, que não apura os fatos. O corregedor devia procurar casos mais graves a corrigir. Mas a coitada da delegada é que virou uma cabrita expiratória, no mundo em que os cabritos têm trânsito livre na maioria das delegacias.
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Seu Pedro é o jornalista Pedro Diedrichs, editor do jornal (impresso e virtual) Vanguarda Bahia da cidade de Guanambi – Bahia, distante quase 550 quilômetros do fato, e se solidariza a delegada. Se acham imoral trabalhar em casa, vamos moralizar até que os governantes tenham suficiente pessoal nos fóruns e delegacia.
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