Tragédia de Santa Catarina: A superficialidade da grande mídia
By RORIZ Heitor Reis (*)
Que a grande mídia é superficial no trato de questões de interesse público e profundamente analítica e crítica em casos que defendam seus interesses políticos e particulares, é notório!
Mais uma vez isto ocorre no caso de Santa Catarina, como em outras desgraças desta natureza. A ênfase é quase absoluta na solidariedade para envio de alimentos aos desabrigados, mas insignificante em medidas que possam evitar que o fato se repita.
Por receberem gordas verbas publicitárias do Governo Federal, não deram a devida relevância a um fato, curiosamente divulgado pela Agência Brasil e TV Brasil, as quais merecem nossos mais efusivos elogios por este exemplo de independência ou de rebeldia, após a greve dos funcionários da empresa.
O governo Lula aplicou apenas 13 % da verba que se destinava a prevenção de tragédias, o que, certamente, permitiu maior amplitude do desastre, sendo responsável por uma parte considerável do desastre. [ http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2008/11/26/materia.2008-11-26.0005711092/view ]
Também não vi, nas várias matérias sobre o assunto, qualquer coisa sobre a responsabilidade do governador do estado em ter reduzido a área de proteção vegetal do solo. http://guilhermefloriani.blogspot.com/2008/11/trajetria-da-imprevidncia_8691.html ]
Quanto à ocupação desordenada do solo, foi mencionada superficialmente, como sempre acontece. [ http://www.oeco.com.br/reportagens/37-reportagens/20391-santa-catarina-tragedia-esperada ]
Mas, tendo em vista as freqüentes e constantes tragédias anteriores, em Santa Catarina e em outras cidades do país, o que não se vê por aqui é uma cobrança sistemática das autoridades, por parte dos meios de comunicação, da adoção de medidas que realmente impeçam ou, pelo menos atenuem os problemas das chuvas que se repetem, com maior ou menor intensidade, a cada ano.
A cumplicidade da grande mídia em ocultar os verdadeiros responsáveis por problemas desta natureza e por não denunciarem tamanho descaso pela vida humana, é o mesmo que impede o Ministério Público de processar estes criminosos.
Como diz o artigo indicado acima: Era uma tragédia esperada!... Como serão as próximas que aumentarão o interesse da população pelas notícias, proporcionando lucro com a desgraça alheia. Talvez por isto não queiram realmente fazer algo para pressionar as autoridades a resolverem definitivamente este problema...
Paradoxalemente, os mesmos bandidos do colarinho branco que contribuíram para a tragédia, aparecem, nestes momentos, como salvadores da pátria e solidários às suas próprias vítimas, encontrando a mais absoluta e ingênua repercussão de sua hipocrisia na imprensa escrita, falada e televisiva.
Mas ninguém vai preso por isto. A culpa é sempre da natureza!!! E mais uma vez constatamos que o crime compensa.
Num país com 74 % de analfabetos e semianalfabetos, onde raros conseguem enxergar um milímetro à frente do nariz e os jornalistas diplomados ou não tem suas consciências vendidas aos seus patrões, tudo pode acontecer.
A ética e a qualidade da informação fazem parte da mesma lama que assassina, destroi e humilha a população, que também nada faz para merecer um tratamento melhor, tanto dos dos políticos e da mídia. Cada povo tem o governo, a mídia e a lama que merece...
Quem sabe as entidades de Direitos Humanos não poderiam pressionar o MInistério Público para processar os verdadeiros culpados pela mãe de todas as calamidades, a nossa administração pública?
Quem sabe a opinião pública possa forçar os deputados a manterem os móveis antigos em seus apartamentos e comprarem 1,5 milhões de reais em novos para os órfãos catarinenses do Estado brasileiro? [ http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2008/11/28/ult4728u21016.jhtm ]
(*) Heitor Reis é engenheiro civil, militante do movimento pela democratização da comunicação e em defesa dos Direitos Humanos, membro do Conselho Consultor da CMQV - Câmara Multidisciplinar de Qualidade de Vida (http://www.cmqv.org/) e articulista. Nenhum direito autoral reservado: Esquerdos autorais ("Copyleft"). Contatos: (31) 3243 6286 - heitorreis@gmail.com
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