Roma. Uma rua. Entram senadores, tribunos e oficiais de justiça com Márcio e Quinto que, amarrados,vão sendo conduzidos para o lugar de execução; Tito, como suplicante. vai à frente.
TITO - Meus venerandos padres, escutai-me! Parai, nobres tribunos! Por piedade à minha idade, cujos anos jovens foram gastos em guerras perigosas, enquanto vós dormíeis calmamente; por todo o sangue que eu verti na grande causa de Roma, pelas noites frias que a velar eu passei e pelas lágrimas que ora vedes a encher os velhos sulcos de minhas faces: sede compassivos para meus filhos ora condenados, que alma tão corrompida não possuem, como em geral se pensa. Pelos outros vinte e dois filhos nunca chorei tanto, porque morreram no alto leito da honra. Por estes, estes, na poeira escrevo, nobres tribunos, a profunda mágoa do coração com minhas tristes lágrimas.
(Atira-se ao chão. Os senadores, tribunos, etc. passam por ele e saem com os prisioneiros.)
Lágrimas, apagai a sede seca da terra; o doce sangue de meus filhos a deixaria rubra de vergonha.
(Entra Lúcio, com a espada desembainhada.)
Tribunos reverendos, gentis velhos, soltai meus caros filhos, comutai-lhes a sentença de morte,permitindo que vos afirme quem não chorou nunca que hoje lágrimas teve eloqüentíssimas.
LÚCIO - Ó nobre pai! é em vão que chorais tanto. Nenhum tribuno vos está ouvindo; não há ninguém aqui. À pedra dura relatais vossas mágoas.
TITO - Ah! meu Lúcio! deixa-me interceder por teus irmãos. Graves tribunos, peço-vos de novo...
LÚCIO - Meu gracioso senhor, nenhum tribuno vos ouve neste instante.
TITO - Pouco importa, rapaz. Se eles me ouvissem, não veriam minha pessoa; mas embora a vissem, de mim não se apiedaram. Mas preciso pedir-lhes, muito embora sem proveito. Por isso digo às pedras meus pesares.
Se às minhas dores responder não podem, num ponto são melhores que os tribunos, por não interromperem meu relato. Quando choro, recebem minhas lágrimas, humildes, a meus pés, só parecendo que de mim se condoem. Se em solene vestuário se envolvessem, não teria Roma tribunos de tão grande preço. A pedra é mole como cera; duros como pedra são todos os tribunos.
Calada é a pedra e não nos incomoda; os tribunos, com sua fala, à morte condenam qualquer um.
(Levanta-se.)
Mas por que causa estás de espada nua?
LÚCIO - Para os manos livrar da morte, e, por tentado havê-lo, os juízes me exilaram para sempre.
TITO - Oh! que homem venturoso! Revelaram-se amigos teus. Como, insensato Lúcio, não percebeste que não passa Roma de um deserto de tigres? Necessitam de presa os tigres, não havendo em Roma presa alguma, afora eu e minha gente. Quanto és feliz, por teres-te afastado desses devoradores! Mas, que vejo? Quem é que o mano Marco vem trazendo?
(Entram Marco e Lavínia.)
MARCO - Tito, prepara para o choro os velhos olhos, ou o nobre coração para partir-se. Trago para teus anos dor pungente.
TITO - Irá matar-me? Então desejo vê-la.
TITO - Meus venerandos padres, escutai-me! Parai, nobres tribunos! Por piedade à minha idade, cujos anos jovens foram gastos em guerras perigosas, enquanto vós dormíeis calmamente; por todo o sangue que eu verti na grande causa de Roma, pelas noites frias que a velar eu passei e pelas lágrimas que ora vedes a encher os velhos sulcos de minhas faces: sede compassivos para meus filhos ora condenados, que alma tão corrompida não possuem, como em geral se pensa. Pelos outros vinte e dois filhos nunca chorei tanto, porque morreram no alto leito da honra. Por estes, estes, na poeira escrevo, nobres tribunos, a profunda mágoa do coração com minhas tristes lágrimas.
(Atira-se ao chão. Os senadores, tribunos, etc. passam por ele e saem com os prisioneiros.)
Lágrimas, apagai a sede seca da terra; o doce sangue de meus filhos a deixaria rubra de vergonha.
(Entra Lúcio, com a espada desembainhada.)
Tribunos reverendos, gentis velhos, soltai meus caros filhos, comutai-lhes a sentença de morte,permitindo que vos afirme quem não chorou nunca que hoje lágrimas teve eloqüentíssimas.
LÚCIO - Ó nobre pai! é em vão que chorais tanto. Nenhum tribuno vos está ouvindo; não há ninguém aqui. À pedra dura relatais vossas mágoas.
TITO - Ah! meu Lúcio! deixa-me interceder por teus irmãos. Graves tribunos, peço-vos de novo...
LÚCIO - Meu gracioso senhor, nenhum tribuno vos ouve neste instante.
TITO - Pouco importa, rapaz. Se eles me ouvissem, não veriam minha pessoa; mas embora a vissem, de mim não se apiedaram. Mas preciso pedir-lhes, muito embora sem proveito. Por isso digo às pedras meus pesares.
Se às minhas dores responder não podem, num ponto são melhores que os tribunos, por não interromperem meu relato. Quando choro, recebem minhas lágrimas, humildes, a meus pés, só parecendo que de mim se condoem. Se em solene vestuário se envolvessem, não teria Roma tribunos de tão grande preço. A pedra é mole como cera; duros como pedra são todos os tribunos.
Calada é a pedra e não nos incomoda; os tribunos, com sua fala, à morte condenam qualquer um.
(Levanta-se.)
Mas por que causa estás de espada nua?
LÚCIO - Para os manos livrar da morte, e, por tentado havê-lo, os juízes me exilaram para sempre.
TITO - Oh! que homem venturoso! Revelaram-se amigos teus. Como, insensato Lúcio, não percebeste que não passa Roma de um deserto de tigres? Necessitam de presa os tigres, não havendo em Roma presa alguma, afora eu e minha gente. Quanto és feliz, por teres-te afastado desses devoradores! Mas, que vejo? Quem é que o mano Marco vem trazendo?
(Entram Marco e Lavínia.)
MARCO - Tito, prepara para o choro os velhos olhos, ou o nobre coração para partir-se. Trago para teus anos dor pungente.
TITO - Irá matar-me? Então desejo vê-la.
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