Gaúchos colocam órgãos à venda pela internet
Reportagem negociou compra de rins no Interior e na Região Metropolitana
Como se fosse um simples negócio, gaúchos anunciam pela internet a venda de órgãos do próprio corpo para transplantes.
Ofertas de rins, parte do fígado e medula óssea são feitas pela internet na maioria, por jovens , por meio de fóruns de discussão, sites de relacionamentos e blogs. Os textos dos anúncios deste comércio ilegal trazem informações como tipo sanguíneo, idade e outros detalhes do doador, como se é fumante ou se faz exercícios físicos. Foi em um destes classificados online que a equipe do Teledomingo, da RBS TV, entrou em contato com dois gaúchos no mês passado.
Depois de trocas de e-mails e de contato telefônico, a reportagem marcou encontros com os supostos doadores. Um deles mora no município de Ibirubá, a 298 quilômetros de Porto Alegre, no noroeste do Estado. O jovem de 27 anos trabalha na construção civil. Em uma lan house, ele anunciou na internet a doação de um dos rins em troca de R$ 150 mil. O encontro foi no centro do município e gravado com uma câmera escondida.
Ofereci meu rim porque vi que tem outros anúncios na internet. Tô precisando de dinheiro. Com isso, ajeito minha vida alega o doador.
O jovem, desconfiado, disse que já havia recebido propostas por e-mail, mas de pessoas que moram em outros Estados. Segundo ele, o negócio só não foi concretizado porque o tipo sanguíneo não era compatível.
Não sei como faço para realizar o transplante. Se tiver que fazer os exames, faço e mando pelo correio. As despesas são por tua conta completa o suposto doador.
Dois dias depois, em Alvorada, na Região Metropolitana, a reportagem falou com outro doador. Ele oferece um dos rins em um site de Portugal. O homem de 41 anos é vigilante e se dispõe a fazer o transplante por 30 mil euros (cerca de R$ 79.500).
Nunca imaginei que alguém daqui iria me procurar. Sei que tem muita gente do Exterior que procura e paga por órgãos para transplante. Por isso, coloquei em um site de Portugal explica.
O vigilante, também sem saber que estava sendo gravado, disse que precisa de dinheiro para comprar uma casa, mas sabe que a oferta é ilegal.
Tem que ser numa clínica particular, né, véio? O SUS não faz estes negócios. Tu dá metade do dinheiro quando eu estiver na mesa de cirurgia, e a outra metade, quando terminar completa.
Lei brasileira permite doação entre familiares
No Brasil, quem precisa de transplante deve esperar em uma fila controlada pelo Ministério da Saúde. Para evitar qualquer tipo de comércio, a lei brasileira diz que a doação entre vivos só poderá ser feita entre marido e mulher, parentes de sangue até quarto grau ou por qualquer outra pessoa mediante uma autorização judicial.
Desembargador do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado e integrante da Associação Rio-Grandense de Bioética, Alexandre Mussoi Moreira explica que qualquer comercialização de órgãos ou tecidos do corpo humano é crime previsto em lei, e as penas variam de dois a oito anos de prisão. Para despistar esse controle, os comerciantes de seus próprios órgãos dizem ter a solução: afirmam que podem se apresentar como parentes distantes ou amigos íntimos da família.
O presidente da Rede Latino-americana e do Caribe de Bioética da Unesco, Volnei Garrafa, acompanha casos no mundo e alerta para a vulnerabilidade da lei.
A legislação brasileira atual permite a doação de órgãos entre pessoas vivas mesmo não sendo parentes, mediante autorização judicial, o que é um absurdo. A doação inter-vivos deveria se dar somente entre familiares muito próximos como, pais e filhos, irmãos, marido e mulher, por exemplo. Quem tem dinheiro e precisa, compra. Os pobres vendem. Precisamos rever esta lei. Se mais pessoas doarem, não haveria oferta, nem procura.
fabio.almeida@rbstv.com.brFÁBIO ALMEIDA | RBS TV No Zero Hora
Ofertas de rins, parte do fígado e medula óssea são feitas pela internet na maioria, por jovens , por meio de fóruns de discussão, sites de relacionamentos e blogs. Os textos dos anúncios deste comércio ilegal trazem informações como tipo sanguíneo, idade e outros detalhes do doador, como se é fumante ou se faz exercícios físicos. Foi em um destes classificados online que a equipe do Teledomingo, da RBS TV, entrou em contato com dois gaúchos no mês passado.
Depois de trocas de e-mails e de contato telefônico, a reportagem marcou encontros com os supostos doadores. Um deles mora no município de Ibirubá, a 298 quilômetros de Porto Alegre, no noroeste do Estado. O jovem de 27 anos trabalha na construção civil. Em uma lan house, ele anunciou na internet a doação de um dos rins em troca de R$ 150 mil. O encontro foi no centro do município e gravado com uma câmera escondida.
Ofereci meu rim porque vi que tem outros anúncios na internet. Tô precisando de dinheiro. Com isso, ajeito minha vida alega o doador.
O jovem, desconfiado, disse que já havia recebido propostas por e-mail, mas de pessoas que moram em outros Estados. Segundo ele, o negócio só não foi concretizado porque o tipo sanguíneo não era compatível.
Não sei como faço para realizar o transplante. Se tiver que fazer os exames, faço e mando pelo correio. As despesas são por tua conta completa o suposto doador.
Dois dias depois, em Alvorada, na Região Metropolitana, a reportagem falou com outro doador. Ele oferece um dos rins em um site de Portugal. O homem de 41 anos é vigilante e se dispõe a fazer o transplante por 30 mil euros (cerca de R$ 79.500).
Nunca imaginei que alguém daqui iria me procurar. Sei que tem muita gente do Exterior que procura e paga por órgãos para transplante. Por isso, coloquei em um site de Portugal explica.
O vigilante, também sem saber que estava sendo gravado, disse que precisa de dinheiro para comprar uma casa, mas sabe que a oferta é ilegal.
Tem que ser numa clínica particular, né, véio? O SUS não faz estes negócios. Tu dá metade do dinheiro quando eu estiver na mesa de cirurgia, e a outra metade, quando terminar completa.
Lei brasileira permite doação entre familiares
No Brasil, quem precisa de transplante deve esperar em uma fila controlada pelo Ministério da Saúde. Para evitar qualquer tipo de comércio, a lei brasileira diz que a doação entre vivos só poderá ser feita entre marido e mulher, parentes de sangue até quarto grau ou por qualquer outra pessoa mediante uma autorização judicial.
Desembargador do Tribunal de Justiça (TJ) do Estado e integrante da Associação Rio-Grandense de Bioética, Alexandre Mussoi Moreira explica que qualquer comercialização de órgãos ou tecidos do corpo humano é crime previsto em lei, e as penas variam de dois a oito anos de prisão. Para despistar esse controle, os comerciantes de seus próprios órgãos dizem ter a solução: afirmam que podem se apresentar como parentes distantes ou amigos íntimos da família.
O presidente da Rede Latino-americana e do Caribe de Bioética da Unesco, Volnei Garrafa, acompanha casos no mundo e alerta para a vulnerabilidade da lei.
A legislação brasileira atual permite a doação de órgãos entre pessoas vivas mesmo não sendo parentes, mediante autorização judicial, o que é um absurdo. A doação inter-vivos deveria se dar somente entre familiares muito próximos como, pais e filhos, irmãos, marido e mulher, por exemplo. Quem tem dinheiro e precisa, compra. Os pobres vendem. Precisamos rever esta lei. Se mais pessoas doarem, não haveria oferta, nem procura.
fabio.almeida@rbstv.com.brFÁBIO ALMEIDA | RBS TV No Zero Hora
Um comentário:
Ana Maria :Não é o fim do mundo ainda ,mas é quase .Isto dmonstra além da miseria finaceira a absoluta miséria moral em que vive este nosso pobre povo.E posso apostar com qualquer um que estes dois coitados votaram no Anão de Nove Dedos.Beijos
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