O Dia da Justiça, 8 de dezembro, é ocasião oportuna para  refletirmos sobre os nossos direitos, as nossas garantias, o Poder Judiciário e  o exercício da advocacia.
Vários fatores contribuem para o desencanto dos  cidadãos com a justiça: a demora na prestação jurisdicional é, sem dúvida, a  causa de maior decepção. A observação de que o Poder Judiciário brasileiro está  abaixo das expectativas da sociedade e, portanto, não funciona adequadamente,  tornou-se lugar comum. Todos concordam que os processos eternizam-se ou as  decisões rápidas, muitas vezes, são ineficazes em razão da infinidade de  recursos processuais; da escassez de magistrados e da falta de modernização dos  Tribunais. 
A atual estrutura judicial do nosso sistema tem  facilitado muito a vida dos maus pagadores e dos verdadeiros culpados -, e por  isso mesmo, tem distanciado o cidadão brasileiro da realização daquele primado  essencial da justiça, que é o de "dar a cada um o que é  seu".
Recentemente, por vários motivos, a Justiça passou a  ser assunto freqüente nos meios de comunicação, porém o destaque é sempre  negativo. Apenas as decisões judiciais coincidentes com o clamor popular e a  saga dos justiceiros são aclamadas pela mídia e por parcela significativa da  sociedade. O exercício pleno do direito  de defesa e a presunção de inocência, garantias fundamentais de um Estado  Democrático e expressamente asseguradas pela Constituição Federal (clique  aqui), foram banidas de decisões judiciais. No afã de se fazer  Justiça e sob o aplauso da opinião pública os fins passaram a justificar os  meios. 
Essa situação é  inaceitável.
No entanto, ainda há motivos para reservada  comemoração. A Constituição de 1988  ampliou muito as possibilidades de se recorrer ao Judiciário para a defesa de  direitos. O Judiciário vem procurando atender essa nova demanda, ainda que,  principalmente em nosso Estado, esbarre na falta de autonomia financeira. Poucos são os Juízes imbuídos dessa vontade  exacerbada de fazer justiça ("o bem") sem o cumprimento ao devido processo  legal. 
Tivemos, também, recentemente, a iniciativa do  Conselho Nacional de Justiça, que, pelo terceiro ano consecutivo, promove a  Semana Nacional da Conciliação, exortando todos os ramos do Judiciário, partes e  seus advogados a buscar entendimentos e promover a paz social. Uma medida de exceção, porém válida, neste  momento.
Podemos a firmar, sem medo de errar, que embora muito  ainda se tenha por fazer, a cidadania brasileira tem a sua disposição legislação  suficiente para assegurar-lhe a saudável vida  democrática.
Neste contexto, é importante lembrar que o advogado  tem função preponderante na vida do cidadão e no exercício da cidadania. A  conscientização da importância dessa atuação com coragem, polidez e conhecimento  é indispensável para a recuperação da credibilidade da  Justiça.
Como disse IHERING: "o direito não é uma simples  idéia, mas uma força viva" e, a Justiça tem como símbolo a deusa Iustitia com os  seus olhos vendados que indicam que é preferível ouvir a ver e representam sua  imparcialidade em relação às aparências e aos bens  materiais.
Por tudo isso, o dia é de reflexão.
Rui  Celso Reali Fragoso*
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